domingo, 17 de outubro de 2010

DIA 1 - VENEZA

ITÁLIA
1º dia

Milão-Veneza

Quando parti em direção a Itália há três semanas atrás tinha uma ideia pré-concebida; na verdade, quase um ideal do que seria a Itália, conhecida pela sua gastronomia e os “italianOs charmosos”. Imaginava um país bonito, de pessoas alegres e comunicativas. Meio explosivas, talvez, mas realmente não estava preparada para o que eu encontrei. Mas antes de começar o relato, quero deixar claro que apesar da minha leve decepção a Italia continua sendo um país digno de ser visitado.

Mas bom, o meu primeiro susto foi quando pisei no aeroporto de Malpensa, Milão. Nosso voo chegou no Terminal 2 às 23h e qual não foi a minha surpresa em constatar que aquilo mais parecia a estação rodoviária de alguma cidadezinha do interior! O primeiro contato com um italiano ocorreu quando fomos perguntar para o motorista de um onibus que fazia ligação com a estação de trem – Milano Centrale – a que horas partia o primeiro onibus da manhã. Perguntamos em inglês, já que foi difícil pensar em italiano e obtivemos uma resposta em italiano puro, totalmente desprovida de alguma compreensão para o fato de não sermos de lá e não sermos obrigados a entender uma palavra. Mas claro, até que a gente entendeu, afinal italiano não é assim uma língua tão distante do português, mas fiquei levemente revoltada com a atitude grossa do senhor – sim, ele foi grosso, não por falar em italiano (está no direito dele né, afinal estávamos em Itália) mas sim por não mostrar preocupação se entendíamos ou não. Só quando eu arrisquei poucas palavras de italiano é que ele pareceu amolecer um pouco e explicou melhor e mais calmamente. Esse foi só o primeiro de muitos contatos do género, o que deu pra concluir que italianos não sabem poha nenhuma de inglês, então quem for viajar para lá esteja preparado com um vocabulário básico de italiano – eu tive extrema preguiça de treinar antes de ir, admito, e como não tenho problemas com o inglês me era mais fácil usar essa língua mundial.

Pegamos então um onibus em direção ao Terminal 1, aonde pretendíamos pernoitar – eram meia noite entretanto – até as 5:40 da manha, hora da saída do primeiro onibus que ia em direção a Milano Centrale. 10 minutos depois (!) chegamos no Terminal 1 que estava em obras – outra coisa que encontramos muito ao longo da nossa jornada: obras. A primeira vista parecia completamente deserto, ao ponto de dar um certo medo. Depois de alguns corredores e escadas paramos no piso das partidas, encontrando outras pessoas – uma meia dúzia talvez – que tal como nós ficaram ali a noite toda. Nos bancos duros, tentamos passar o tempo conversando e ate arriscando dormir um pouco – esta ultima tentativa não deu certo. Ao lado, um casal de velhinhos conseguiu manter conversa durante 5h seguidas! Até nós nos distraímos um pouco e acabamos por perder o primeiro onibus da manhã, tendo que esperar mais 20 minutos pelo próximo. Quase 2h depois e finalmente na estação central de Milão que, nota aqui, é lindíssima (se tiverem tempo, algo que eu não tive, não deixem de parar e tirar umas fotos!) , corremos para comprar nosso pass do Interrail e corremos ainda mais para pegar o trem em direção a Veneza. A viagem de trem me pareceu uma tortura, pois a exaustão me deixou levemente mais ansiosa do que o costume pra chegar a cidade pretendida.

Felizmente consegui dormitar ao longo da viagem e quando acordei já estávamos entrando em Veneza. Os arredores da cidade não é nada bonito, com fábricas e mais fabricas. É bem industrial. Mas basta chegar e sair da estação de trem para ver a bela e famosa Veneza, com seus canais azuis, gôndolas e vaporettos (são uma espécie de onibus marítimo, hehe). Paramos para tirar uma foto logo dali (abaixo) e logo depois seguimos pela esquerda. A minha sorte é que o meu companheiro de viagem é praticamente um GPS humano e apos 10/15 minutos entre pequenas ruelas apinhadas de gente, barraquinhas e etc chegamos ao Hostel Venice Fish.


 Por fora é bem bonitinho, apesar de bem antigo (foi construído no século XVI) e logo antes de entrarmos – ao passar a pequena ponte do canal - fomos surpreendidos por um inusitado aviso apontando para uma campainha no mínimo original:


A risada serviu para dissipar a minha preocupação ao abrir a porta e me deparar com um cenário um tanto degradado. Porém, logo ao subir das escadas, o salão de teto antigo e candelabro visivelmente de outros tempos tranquilizou-nos. O atendimento foi otimo, com caras jovens, educadas e sorridentes falando num inglês perfeito. Após o check-in foi-nos pedido gentilmente se seria possível deixarmos o Hostel já que eles “fecham” o dito cujo das 10h as 12h para limpeza. Tudo o que queríamos era um bom banho mas acatamos ao pedido e, curiosos, fomos explorar a cidade caminhando em direção a Piazza di San Marco. Todos os que já estiveram em Veneza ou aqueles que ainda irão constatam facilmente que em todas as paredes existe uma plaquinha apontando para San Marco. Ali é o centro da cidade, uma praça larga e movimentada, cheia de cafés e músicos. Monumentos como o Palacio di Doges (onde Casanova esteve preso, por exemplo) , a Torre do Relogio e o Campanilo ficam ali. Para quem estiver disposto a gastar alguns euros em visitar estes locais penso que deve valer a pena. Nós não nos atrevemos, embora a vontade fosse alguma em subir no Campanilo para usufruir da bela vista, mas 8 euros nos pareceu um roubo.


Piazza San Marco

Caminhamos e tiramos algumas fotos. Fomos por ruelas, parando em uma lojinha ou outra, passando pela Ponte Di Rialto – a vista é linda! -, esbarrando entre guarda-chuvas (uma chuvinha maledeta caia nesse dia) e parando hora ou outra para descansar. Com o frio que fazia nesse dia foi pouca a vontade de comer o famoso Gelato italiano, por isso as mil e uma Gelatarias não me atraíram tanto (pelo menos nesse dia…me rendi nos outros, hehe). Lá pelas 17h resolvemos voltar ao Hostel e tomar nosso merecido banho. As 19:30h, e para felicidade geral, foi servido um jantar, uma pasta com molho bolonhesa. Yammy!! Já aí foi hora de fazer amizades e juntar um grupinho (de brasileiros) para sair. As 21h caminhamos em direção a um pub ali perto onde sentamos e conversamos, trocando experiencias e falando sobre os próximos destinos.


Ponte di Rialto

Pelas 23h nos juntamos a outro grupo do Hostel em um outro pub. Ganhamos vinho de graça e ate eu arrisquei uns golinhos, embora não aprecie. O ambiente estava animado e quando saímos até um bar “roubamos”. Não interpretem mal, mas era simplesmente um pedaço de madeira aparentemente abandonado no meio da rua em que o dono do hostel resolveu “adotar”. Uma boa açao, han?

o "rapto" do bar

Mais conversa e risos e fomos coagidos a seguir um americano totalmente maluco pelas ruas de Veneza por mais de meia hora, o que rendeu bons diálogos como:

- America has great fashion designers! – amigo meu
- What? Fashion? Do I look fashion? In America we have shopping centers, Mc Donalds and that’s all!
*risadas*
- And coke, no? – meu amigo de novo, irónico
- Yes, and coke!

Ao chegar a bendita Piazza da Magdalena – achoq ue o nome era esse, já estava um tanto confusa! – foi a vez da policia aparecer para o que pareceu ser uma rusga por ladroes de pizza. Sim, isso mesmo! 2 policias se aproximaram de uma amiga minha que comia um pedaço de pizza e seguiu-se um dialogo inusitado:

- Onde vc comprou isso?
- Ali! – apontando para um pequeno estabelecimento
- Vc tem o recibo?
- Não, joguei fora o.o
- Quanto pagou?
- 2 euros!
- Ok.
-Quer um pedaço? – ta, aqui já tou inventando, ela não disse isso haha, mas na minha opinião deveria! Rs

E foram embora! Foi uma coisa muito estranha, mas notem: italianos são estranhos e meio maluquinhos também.

Resolvemos voltar para o Hostel pouco depois. Eu particularmente gostei bastante de andar pela cidade a noite mas foi com rpazer também que me joguei para a cama e dormi o sono dos justos depois de longas horas de viagem.

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D.I.C.A.S:

. Se for a estação de Milano Centrale, não faça como eu! Vá com tempo e tire umas fotos lá dentro. A estação é uma mistura de arquitetura antiga com moderna, vale a pena nem que seja uma fotinha que te tirará 2 minutos (sim, eu nem dois minutos tive!)

. Se, por algum motivo, for pernoitar no aeroporto de Milão fique no Terminal 1, na zona das partidas e seja esperto e ache um dos cafés que tem um sofá e não como nós que só notamos isso quando fomos embora e ficamos 6h numa cadeira dura!

. Ao reservar um hotel ou hostel em Veneza certifique-se que fica na ilha central e não nas “coadjuvantes”. Os vaporettos não são nada baratos (6.50 euros cada viagem) e perderá um tempo precioso tendo de viajar nos ditos cujos para chegar ao centro da cidade caso opte por uma das outras ilhas.

. Veneza é facilmente percorrida a pé. Aprecie a paisagem, as ruelas, os mercados. Compre um mapa e boa sorte!

. Sobre o hostel que ficamos: foi legal, apesar da estrutura estar meio acabadinha. No entanto a sala é bonita e eles dão jantar de graça (e é gostosinho!). Tem também cafe da manhã. O staff leva o povo a passear todas as noites (quem quiser ne) nos pubs e isso. O unico inconveniente é que não tinha um armario/cacifo para colocarmos nossas coisas diárias (mas se tiver algo de valor eles guardam pra você num armario lá) e só tinha dois banheiros, o que levava a uma fila consideravel pela manhã. E para quem gosta de sossego, não aconselho. As 10h da manhã vc tem sempre que sair do hotel e de tarde tem sempre musica tocando alta. Mas a noite as luzes e o silêncio é pedido apartir da 1h.