sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

É de carne! E...a menina que roubava chinelos



É de C-A-R-N-E

E


A menina que roubava chinelos.


Eu às vezes penso que estou falando chinês e tenho quase a certeza que o problema não é meu, tendo em conta que tenho testemunhas. Foi o caso de semana passada, numa praia em Ubatuba. É comum eu me dirigir à primeira barraquinha de pastel de vento e pedir um conhecido pastel de carne. Nunca na minha vida aconteceu o que irei contar agora. Estava tudo ótimo, minha boca estava em perfeita (!) condição, já recuperada da cirurgia que fiz para arrancar dois dentes do sizo inclusos, quando sou atendida por uma garoto com cara de peixe morto.

- Um pastel de carne por favor!

Beleza, relax. Perguntei quanto tempo iria durar e acho que quem trabalha na praia deve ficar com neurônios meio queimadinhos, torrados pelo sol ou assim, porque a resposta foi “não sei”!. Legal. Nem uma estimativa? Não. Ok, disse que iria voltar dentro em pouco.

10 minutos depois...

- E aí moço, meu pastel ta pronto?


5 minutos procurando pelo pastel. Mew, um pastel tem a capacidade de sumir? Nada do pastel. Vai ver foi andar de banana -.- OK, mais uma espera por um novo pastel, desta vez ali sentada pra não ser esquecida novamente. Mais 5 minutos e é me entregue um pastelzinho quentinho. Feliz, com o estomago colando nas costas, fui saindo já dando umas mordidinhas quando reparo que a carne é inexistente e no lugar disso está um queijo, e logo eu que odeio pastel de queijo. Com um revirar de olhos voltei para trás e, educadamente, expliquei o caso. O garoto continuou com a mesma cara de paspalho de sempre enquanto ia até a cozinha encomendar meu aclamado pastel de carne – que eu fiz questão de repetir duas vezes, com sotaque paulista da grande sp e outro com sotaque do interior, só pra garantir. Talvez devesse fazer o do rio de janeiro. Erro de calculo.

Mais 5 minutos e outro Pastel. Muito crente que o mesmo erro não poderia acontecer, fui tranqüila em direção à minha cadeira de praia quando minha amiga, sabiamente, me disse que era melhor experimentar. Santas palavras! Bastou uma mordida para notar que a carne não veio sozinha e o queijo ainda continuava fazendo parte do menu. E daí baixou o santo em mim. Voltei pra lá pisando duro, fiz um drama básico batendo com a mão no balcão – bem estilo velho oeste – e falei:

- Caraca mew, eu tou falando chinês? Qual foi a parte que você não entendeu do pastel de C-A-R-N-E. Cara, pensa, não é difícil! È SÓ carne, entendeu ou quer um desenho? – assim, grossa mesmo, porque logo que cheguei ali pela TERCEIRA vez ele se atreveu a me dar uma revirada de olhos. Desde quando funcionário pode revirar os olhos? Vai tomar...água de coco! Ah sim, agora ele estava assustado. O revirar de olhos foi tomado por um olhar esbugalhado e as outras pessoas tentaram me acalmar – Eu estou muito calma, só quero que essa pessoa me dê meu pastel de carne. Ta difícil?

Para eu parar de reclamar outro funcionário me deu o meu pastel de carne. Ah, valew! É claro que a idiotice do povo não poderia parar por aí e foi 2h depois dessa cena, quando passei para tomar um duche, que fui abordada novamente. Estava eu lá no meu duche quando falta a água e alguém grita: “Liga isso logo que é a menina do pastel!”. Ótimo, água de novo, só pra mim. Até aí tudo ótimo, eu sempre tive certeza que uma grosseria básica surtia efeitos positivos, mas não que atraía mongolóide. Foi então que um dos funcionários chegou perto e começou, descaradamente, dando em cima de mim. Um cara sem noção, baixinho e feio, da cor do carvão. Foi hora de falar um bom:

- Mew, se liga aí sem noção! Vai pra casa sonhar meu filho!

- Nossa, você é sempre assim brava?

- Só com imbecis!

È, minha teoria diz agora que homem adora ser esculachado, porque não é possível!

Pois é, eu acho que essas pessoas de Ubatuba tomam muito sol na careca! E, aviso, pode ser contagioso! Foi o caso quando eu fui fazer uma tatuagem de henna e no final, crente de que tinha ido de chinelo, calço umas havaianas pretas no pé e volto para minha cadeira, a uns 5 minutos dali. Só quando paro e olho noto que o chinelo é demasiado grande e velho para ser o meu. Incrédula e tendo um ataque de riso volto pra trás

- Desculpa moço, roubei seu chinelo sem querer!

Coisas da vida.